segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Decreto


Aproveitando as promessas de ano novo 
E os desejos de dias melhores
Fica decretado:

Luto oficial de 1 minuto e não mais que 1 minuto
Por todos os sonhos não realizados
Por todos os abraços não dados
Todos os beijos negados
Todos os desejos não vividos

Decreto crime hediondo:

Mau humor
Desrespeito com os sonhos alheios
Mentiras que magoam
Vontades reprimidas
Longas distâncias

Fica decretado:

Que sua felicidade dependerá somente de ti
A realização de seus sonhos dependerá somente de ti
Se precisar usar alguma desculpa 
Que seja o excesso de felicidade
A falta de problemas e preocupações
A falta de tempo para se entristecer
O excesso de sonhos a serem concretizados

Não será permitido
Deixar nas mãos de terceiros o destino de sua vida
Depositar nos outros a culpa por seus fracassos
Permitir que a amargura do outro envenene sua alma
Que deixe de caminhar por estar preso ao passado
Que não se permita ser melhor

Fica determinado que:

Para ter um ano novo é necessário que
Sua alma esteja melhor
Sua mente esteja sadia
Seu corpo se movimente
E que seus sonhos sejam sempre maiores que os de ontem
E infinitamente menores que os sonhos de amanhã

Seguindo em frente, 
Cumprindo metas, 
Construindo sonhos, 
Melhorando a alma
Renovando de dentro para fora 
Para ter um espelho cada dia mais bonito
Feliz Eu novo!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Divã


De mais a mais, prefiro deixar de ser menos
Menos doente, menos contente, menos dependente
Prefiro deixar de ser menos
Menos sombria, menos egoísta, menos ranzinza, menos o que querem

Decidi ser mais
Mais sem fim, sem medo
Mais coragem, desejo
Mais eu em mim e de mim

Levantei do divã com outras convicções
De menos a menos...
Prefiro viver um pé na frente do outro 
Na constante busca de querer ser e poder mais!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Pecadinhos


De pequenos pecadinhos fazemos o gosto bom da vida
Um abraço gostoso
Um doce a mais
Uma ida até a esquina que pode estar a quilômetros 
Ou ali mesmo, do outro lado da sala

Pequenos pecadinhos que fazem valer à pena
O beijo no escuro
Confissões embaixo do lençol
Desejo a flor da pele
A pele que toca a pele e revitaliza a alma

Pecadinhos guardados em cartas
Compartilhados em sorrisos
Discutidos ou construídos pela tela do computador
E assim escrevemos a vida, de pecadinho em pecadinho
Guardados no bolso, na alma, na mente e no coração

Pecadinhos de saudade
De ternura, de desejos... de tesão
De amizade, sentimentos
Ou simplesmente de gratidão
Pecadinhos são inofensivos... o que estraga é o excesso de intenção.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Matemática


Eu
Eu + um = Nós
Eu + um – eu = Nó
Um sem eu = um
Eu + Eu + nós = um pouco melhor de nós
Eu+nós+tudo = um pouco de tudo no mundo
Eu+Nós+Tudo + Mundo = Infinitas Possibilidades

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Receitinha III


Ferva duas gotas de vontade e reserve
Em uma mente cheia de desejos coloque um coração tranqüilo
Recheie com pitadas de loucuras
Acrescente dois dedos de insanidade, necessidade de ir além, alegria e vontade de mudar sem economia
Unte sua mente com planos para o futuro e polvilhe com coragem e energia
Adicione à mistura, a vontade reservada
Acrescente impulsos e o que mais vier à mente
Aplique na veia e viva a vontade

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Mil maneiras


Mil maneiras de mudar as coisas
Mil motivos também
Pelo caminho mil tormentos 
Mil momentos, divertimentos, conhecimentos
Mil maneiras de ser mais 
Mil motivos pra deixar de ser menos
Mil maneiras de ser sempre o melhor de mim!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Por si só

Silêncio
Vazio
Oco
Ensurdecedor

Naquele banco de praça
Vagava em lembranças 
Um homem lotado de certezas

Num banco de praça morreu um homem
Cheio de si
Cheio de nós
Cheio de tudo
Lotado de si

E assim ficou
Lotado e transbordando
Por si e só

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A Fuga


Fugindo de você
Me deparei com vários nós
Que a cada movimento 
Me prendia mais em mim

Eu querendo me livrar disso
Me joguei de cabeça no abismo
E quase sufoquei em meio
A tantos sujeitos à procura de um predicado

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Receitinha II

Para todo desespero... Calma 
Para todo passo... Pé
Para todo corpo... Desejo
Para todo sentimento... Consciência

São várias as etapas em uma única vida
E nenhuma é igual à outra, por mais que tentemos
Somos todos parecidos
Nem que seja só na aparência
O que nos distingue uns dos outros
É a carga de inocência
Coerência, decência, sapiência, transparência...

Para todo sacrifício... Fé
Para toda dúvida... Conhecimento
Para toda música... Som
Para todo ser... Contentamento

Para o claro...  Escuro
Para o passado... Futuro
Para ter mais doce a vida
Basta um buraco no muro

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Assim



Choveu
Como fria e mansa deveria ser
Em meu peito
Pesadas gotas de saudade

Ensopavam a alma que
Sem saber despia-se
Da toalha das lembranças
Dançou como dança uma criança

Dançou nua pelas ruas do esquecimento
E despertou da morte, enfim
Era tarde de lua cheia
E choveu forte dentro de mim


Mudanças


Mudanças são necessárias para que as conquistas sejam verdadeiras
Mudanças são necessárias para que um futuro exista
Mudar é necessário para que as experiências sirvam de lições
Mudar é necessário para que a vitória seja sentida

Mudanças são vitais para que os sonhos possam germinar
Mudar é necessário para que a vida possa caminhar...
Mudanças são vitais para projetos futuros
Mudar é necessário para receber futuros presentes

Mudar se preciso for de cor
Se preciso for de dor
Se preciso for de certezas
Se preciso for de caminhos... buscar novos destinos.

O que não muda é a certeza do amanhã, mesmo que incerto
A certeza da despedida para um novo recomeço
A luta pelos ideais que nos alimenta a alma de cada dia
A alma que não se cansa de acreditar

Que o sempre é mais forte que o nunca
Que o não é mais frutífero que o sim
Que a arvore é o destino da semente
Que o ter, o querer, o poder e o ser

São meros pontos de vista
Limpe seus óculos
Abra a porta
Se vista, ou dispa-se se preciso for

Vou indo...
Até a vista!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Pequenas conclusões

Quando os olhos falam
E não há necessidade
De a boca intervir

É um sinal de que 
A comunicação encontrou
Sua batida perfeita

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Receitinha


Ouça com cuidado as coisas que lhe são ditas
Observe cada movimento ao redor
Observe o efeito provocado por cada palavra dita
Em si e nos outros

Preste atenção
Tudo possui duas faces
Nem sempre o que se diz é o que se quer dizer
Nem tudo que parece só parece

Calcular ações e palavras
É o segredo da matemática da vida
Saber calar e saber ouvir
São ingredientes básicos para o inicio do saber

Afinal, o que é o saber
Senão a consciência de si
Em si mesmo?
Isso mesmo

sábado, 13 de outubro de 2012

Cacos


Criando coisas
Desconstruo 
O que em mim
Virou cacos

Cacos para traduzir
Reconstruir
Vitrais são cacos
Que se fazem companhia

Fragmentos de si mesmo
máscaras reinventam vitrais
Recriando cacos
Vamos construindo imagens no espelho

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A passagem


Quando me descobriram, fiz uma passagem
Saí dos sonhos de uma mãe 
E fui para um ventre generoso

Quando nasci, fiz uma passagem
Saí de um mundo só meu
Onde tudo era perfeito
E abri os olhos para um mundo de muitos

Quando me tornei adolescente, fiz uma passagem
Sai à força do universo de imaginação, sonho e fantasia
E caí na fantasia do mundo dos sonhos

Quando me vi adulta, fiz uma passagem
Saí do mundo do: mãe, pode?
E construí o universo do Eu posso!
Ainda sou adulta e vivo fazendo passagens

Saindo de dúvidas, entrando em mais dúvidas
Percorrendo sonhos, trilhando desejos
Desmentindo fantasias
Construindo a cada dia uma outra verdade

Cheguei fazendo passagens
Sigo fazendo passagens
Chegará um dia em que dirão que parei

Mas uma coisa é certa: isso também será somente uma passagem

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Pingos


O pingo de chuva 
Que entra pela janela
Revela de susto
O que a alma escondia

Fechei a janela
O pingo virou mar
Que inundou o sertão que fazia 
Tum Tum... Tum Tum...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Pensando...

Pensando nas coisas da vida concluí que

É fácil escapar das ciladas do caminho
Das saias justas
Das saias largas
Da falta de saias
É só não perder o rebolado

É fácil conviver com todo tipo de gente
Diga-me com quem tua andas
E direi se quero ir junto

É fácil encontrar jóias pelo caminho
Nem tudo que reluz é ouro
Pedras brutas guardam seu brilho no interior
Lapidação... qualquer loja dá

As aparências enganam
As atitudes denunciam
As palavras anunciam
O caráter deforma, dá forma, forma
A consciência seleciona

Tudo que sobe... desce
Tudo que nasce... cresce
Tudo que sobra... apodrece
Tudo que é lapso se esquece

Sigo pensando nas coisas da vida


terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Pedra no Caminho


A importância que se dá à pedra 
É o que faz dá amargor ao caminho
O tamanho que damos à pedra
É o que torna ainda mais difícil o caminho
A força que colocamos na pedra
É o que dá lonjura ao caminho

Ao ignorar a pedra
Clareamos o caminho
Ao conhecer a pedra
Desvendamos os mistérios do caminho
Ao sermos pedra
Perdemos o caminho

Será mesmo que ela está no caminho?
Será que não somos a pedra?
Será que não nos atiramos as pedras?
Afinal, existe pedra?

“No meio do caminho havia uma pedra...”
Fiz dessa pedra, parte do meu caminho

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Num banco de praça


Sentado num banco de praça 
Assiste a vida como quem assiste uma comédia americana
O velho jornal como companhia
Dá-lhe a certeza de que tudo caminha como se deve

O milho aos pombos
Alimenta-lhe a alma
Sorrindo sozinho
Faz piadas de si mesmo
Chora por suas mazelas
Gargalha de seus descaminhos

Sentado num banco de praça
Observa o curso da vida
Da vida dos outros
Da sua própria vida
Num retrato em preto e branco
Sente cheiros e cores de um passado que não passou

Sentado num banco de praça
Desistiu da dramática e melancólica comédia de sua vida
Guardou o jornal
Despediu-se dos pombos
Fechou os olhos
E deu fim ao capitulo desta vida

Coca Cola


Liberdade, sonhos, desejos
Possibilidades, desafios, conquistas
Belezas, festas, amores
Amigos, aventuras, música, juventude

Com imaginação tudo que é bom... rola
Toda bola...rola
Qualquer caco se cola
Mas nem toda coca é cola.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

O que há de ser


Amor 
É algo que a cabeça inventou 
Para manter o corpo alerta 
Para manter o coração em palpitos
Para manter borboletas no estômago

Saudade 
É algo que a cabeça inventou 
Para manter o coração apertado
Para manter o corpo inquieto
Para manter as coisas sem graça

Solidão
É algo que a cabeça inventou
Para manter o coração calado
Para manter o egoísmo do corpo só
Para manter conflitos
Para manter distâncias

Amizade
É algo que o coração inventou
Para manter indivíduos unidos
Para manter cabeças trabalhando
Para manter sonhos crescendo

Pessoas 
É algo inventado
Para manter corações vivos
Para manter cabeças funcionando
Para manter amores
Para manter saudades
Para manter amigos
Para manter contato
Para manter sonhos...

Todo o resto há de ser pura invenção!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A Janela


Abri a janela e o mundo me sorriu
O céu se mostrou mais azul
As coisas ganharam mais vida, mais sabor

Abri a janela e muita coisa mudou
As pessoas sorriam
Crianças brincavam nos quintais
A vida seguia seu rumo

Abri a janela e mudei
Decidi encarar as coisas de forma diferente
Sem grandes expectativas, sem falsas esperanças 
E tudo se mostrou novamente

Parei para pensar
E descobri que tudo está no mesmo lugar
Da mesma maneira
Percebi que o que mudou foi a janela...

Abri os olhos

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Coisas de Eternidade

“Constança, meu bem, Constança...”  Inconstante.
Assim a vida segue seu rumo
Constantemente surpreendente

Pela sua sabedoria e beleza em ser inconstante, imprevisível
Por mais que pensemos que tudo dará certo, nunca saberemos
Quais os caminhos essa certeza terá que percorrer
Nunca saberemos quantas lágrimas teremos que chorar
Quantos sorrisos distribuiremos
Quantos beijos guardaremos
Quantas luas se farão cheias
Quantos sois irão se por...

Inconstante
A certeza do logo mais, do nunca mais
Do adeus e do até logo... até sempre
Inconstante as juras de amor eterno, que sempre o são enquanto duram
Ou enquanto o alimentamos

Inconstante como a inocência da criança
A sabedoria dos idosos
O caminho que percorremos rumo à velhice sábia ou alienadamente sabida
À morte inevitável, o fardo da vida para alguns
A benção desta mesma vida para tantos outros

Aí está toda a beleza da existência
A leveza de todas as certezas
A sabedoria de todas as dúvidas
A sonoridade de todas as canções...

E por falar em canções...
Rememoro um passado eternamente presente 
Em pretérito e futuro
Em poesias e ilusões
Em você, 
E em mim

“Constança, meu bem, Constança..." 
IN
     CONS
                TAN
                         TE.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Declaração


Conhece cada centímetro, cada pedaço de mim
Cada desejo, cada vontade
Cada segredo que guardo na memória ou o coração

Sabe de cada marca, cada cicatriz, cada sinal de dor ou alegria
Vigia-me diariamente
Eterno confidente, é também companheiro de todas as horas

Amante, amigo, companheiro 
Das horas de calma, desespero, leituras, confidências... 
Meu porto seguro
Companheiro de todas as horas
Amo-te travesseiro

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O outro lado


A distância da cura é a doença
A distância do medo é a coragem
O que te afasta do ruído é o silêncio
O que te afasta da solidão é o outro
A distância da felicidade é a tristeza

O outro lado do não é o sim.

Depois da cara vem o coroa
Depois do verbo a ação
Depois do longe tem o perto 
Depois de tudo... você mesmo

E depois de você não há medo, silêncio, escuridão, verbo, solidão
Depois de tudo, o que te sobra é a simples e irrefutável certeza do você
Você simples, você ação, você conhecimento, você por você 
E nada mais...

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Delírios

Como se nada tivesse acontecido
Volta sem avisar
Sorrateira e feroz

Toma meu corpo, mexe com meus sentidos
Faz-me sentir calafrios 
Ao mesmo tempo em que aquece meu corpo cada vez mais

E sem domínio se contorce a cada instante
Tentando se ver livre de você
Mas todo o esforço é em vão

A cabeça roda e a respiração fica mais difícil, mais ofegante
Canso de resistir e me entrego

Oh bendita febre, porque não me deixa de vez?

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A Estrada


Idas e voltas, encontros e despedidas
Vitórias, derrotas, acertos, desentendimentos
Triunfos e decepções...

A estrada pode ser longa
Pode ser curta
Pode ser rica
Pode ser simples
Pode ser cura
Pode ser alivio
Pode ser tudo

E pode simplesmente não ser

Não ser motivo
Não ser alivio
Não ser dor
Não ser necessidade

O irremediável é que nunca deixará de ser estrada

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Tempo


Senhor do destino
O tempo nos mostra suas façanhas

Em tudo o que nasce 
Mostra esperanças e desejos de mudanças
Novas oportunidades, velhas expectativas
Naquilo que morre
Ou simplesmente se transforma
Deixa a dúvida do dever cumprido, a certeza de que foi pouco
O alivio da dor às vezes
A saudade do acontecido
O conhecimento do esquecido, adormecido, não vivido

O tempo nos mostra continuamente
Novas versões de velhas histórias
As marcas do rosto, das mãos e da memória
Relembram sem cessar que ele corre
E que a cada momento o temos menos
O desejamos mais, o aproveitamos menos
Nos perdemos mais, nos conhecemos mais

E cada vez mais o tempo ensina, consola, compreende...
Tudo desenvolve, chega e parte em um ciclo sem fim
E acima de tudo e de todos reina triunfante
O Senhor do destino

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Bordados


Na varanda de uma velha casa
Uma senhora borda
A agulha fere o tecido plantando flores de memórias

Crianças brincam nas ruas
Namoradeiras enfeitam as janelas que vigiam cada movimento
Senhoras alinhavam vivências em confissões de comadres
Donzelas guardam a sete chaves em diários forrados de seda
Amores e desejos que a cada página são confessados
Tecidos com fé, esperanças e paixão

A história não muda...
O que muda são os outros

Receitas de bolos, filhos doentes...
Casamento dos filhos, chegada dos netos
Despedidas e boas vindas a esse mundo de loucos
Descobertas, vitórias, histórias
Novos encontros e despedidas, renovação

Vida que segue
E na velha varanda de uma nova casa
Uma senhora borda
A agulha fere o tecido plantando flores de memórias

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Temperos


A vida é feita de pequenas receitas
Cada qual com seus temperos
Seus cheiros e sabores infinitos
Há quem goste de pimenta
Aquelas coisinhas que te esquentam a cabeça
Arrepiam a pele e faz corar a face

Há quem goste de doce
Pequenas ações de ternura
Um beijo roubado, um bilhete escondido no bolso
Uma ligação na madrugada, andar de mãos dadas
Segredos no ouvido...

Há quem goste de fermento
Boas ideias, novas posturas, mais amizades
Mais música, mais carinho
Mais leitura, riso, sonhos

Há quem goste de sal
Sal de saudade de alguém que partiu
Ou fizemos partir, de alguém que está ao nosso lado 
E ao mesmo tempo distante de nós
Do arrependimento do feito, que ensinou muito
Ou do não feito que ensinou muito pouco

As ervas...
Dão novas cores e perfumes ao dia a dia
Um cheirinho de coisa nova, ou velha quem sabe,
Uma lembrança boa, uma saudade gostosa 
Uma nova dança, um velho amigo
Um desafio

Existem várias receitas
Cada qual com seus temperos, sua ousadia
Misturas que nos tornam únicos e saborosamente intrigantes
Confusos, claros, intensos, complicados, simples e normais
Somos receitas regadas com gotinhas de prazer de experiências vividas

Receitas únicas do simples e infinitamente complexo ato de ser



segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Paciência


A última hora
O último prazo
O desejo mais urgente
A dor mais voraz
A pressa da resposta
A fragilidade do sono
A dor da perda
A incerteza do cotidiano
As máscaras
As ilusões
As decisões definitivas...

Tudo some, desaparece, evapora
Quando se percebe que o urgente acabou
O último morreu, as certezas nunca são certas
As respostas nunca serão concretas
E a satisfação nunca será plenamente alcançada

Restando apenas a necessidade de entendimento
E a busca da coragem para exercitar o que um dia, quem sabe, nos levará a enxergar um pouco mais além...
Além das certezas, além das dúvidas, além da descrença, além de mim, além de nós...

E quando olhares para frente, lá estará ela, doce, bela e generosa esperando de braços abertos para mais uma jornada.
E com um belo sorriso, lhe saudará mansamente:
Muito prazer, meu nome é Paciência.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

in POSSIBILIDADES


Em meio à tormenta surgiste como uma luz no fim do túnel
Entre tantos braços cruzados, foste a mão estendida
Marcado por tantas feridas, chegaste como um bálsamo
Ajudou-me a curar a asa quebrada

A mente traída rememorava cenas e acontecimentos
Que vez por outra curavam, ou reabriam velhas feridas
O riso escondido pela rudeza do diariamente foi abrindo espaço
Para a esperança que de mansinho veio chegando

Lendo pensamentos, divertia-se com as ações previstas
Lendo a alma, presenteava-me com gotas de mim mesmo
Que bebidas às baldadas revelavam-me
Assustava-me perceber mais sobre um eu que forçava por esconder
Temia conhecer

A mera suspeita de novas revelações arrepiam os ossos
Ao mesmo tempo que instiga a vontade
Desisti de fugir, de tentar adiar, de fingir não ver
Joguei a toalha e neste instante me presenteaste com um
Universo infinito de possibilidades

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mar de estrelas


Um mar de estrelas me sorri em pensamento
Desejos inundam a alma que a cada pulsar sente as caricias 
De uma liberdade única e infinita


Liberdade que assusta e renova
Renova esperanças, assusta as pequenas certezas 
Fortalecem as grandes esperanças de um dia ser grande
De um dia ser brando
De um dia ser simples de um dia SER


Um mar de estrelas me sorri em movimentos
Brisas de contentamento
Prenúncios de acontecimentos
Amadurecimento, conhecimento
Vivências de um futuro promissor


Me visto de brandura, astucia e percepções
E sigo arrebatador

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Eu te amo


A inquietante calmaria do dia foi quebrada
Pelo toque do telefone que cantava rock de elevador
O número desconhecido revelava um mundo de possibilidades


O som da tua voz do outro lado
Estremeceu meu coração que palpitava sem controle
Em meio ao som dos carros e a voz do vendedor de pamonha
Que parecia entoar canções de amor


O breve instante da unidade de cartão telefônico
Fora suficiente para dar cor ao bestar do dia
Oi, só liguei pra dizer que eu...
Bastou, fez-se o silêncio.


O sorriso brotando do corpo trêmulo
Relembrava a primeira vez em que tocaste minha mão
E deste lado, em meio ao silêncio e sons do peito em palpitos
A resposta é dita em tom de oração


Eu te amo também.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Aquarela


Com o raiar da manhã o peito se abriu em um sorriso violeta
Os olhos dourados de desejo reluziram vontades e planos azuis
O dia seguiu o ritmo de um coração que pulsava bordô, vermelho e terra
Em um tic tac verde oliva de matar o branco de inveja

A tarde alaranjada levava salpicos de uma alegria rubra que deixava 
humores cinza manchados de amarelo, lilás e anil
Com a chegada da noite pérola, as despedidas calorosas emanavam 
saudades rosadas e fluorescentes 

O que ninguém percebeu é que no fundo daqueles olhos negros
Morava um homem cego

sábado, 21 de julho de 2012

A cura


Baixei a guarda e você chegou
Esqueci meu nome, minha fisionomia
O brilho no olhar era inevitável, indefinível
Meu mundo mudou, as cores ficaram mais vivas
Tudo ganhou gosto, sabor, vigor


Sentia o pulsar da vida, das horas e da paixão
Me entreguei e quase morri
De desejo, confiança, amor...
O caos virou calma, a dúvida, certeza
O medo, segurança, a mentira verdade...


Dói a incerteza da felicidade
Dói a insegurança da mentira
Dói mais ainda a tirania da verdade


Adoeci de amor
Enlouqueci de amor
Adormeci de amor
Anoiteci de amor...


Onde está a cura daquilo que me dói e me segura
Daquele que me rói, atormenta, acalenta, cala, sangra, alenta e conforta
Aonde está a cura?
Existe alguma além de você?

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Luz dos olhos teus


Ouço a voz do silêncio cantando na noite iluminada
Em mim cantou boleros de saudades
Noutros tempos cantaria hinos de vontade
jingles de certezas, tangos de sedução 
e recitaria poemas de amor eterno


A luz da vela acesa ilumina a luz dos olhos 
que numa tormenta de desilusões se cansou de esperar
Vaga vazio e triste à sombra de outra vela 
que acaba de se apagar na luz dos olhos teus

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Que...



Que a noite seja fria e insinuante
o abraço aconchegante e sedutor
o beijo macio e doce como o sorriso de uma criança,
sem perder a malícia natural da adolescência viva na mente dos amantes


Que o amor seja transparente
e as bocas cúmplices e confidentes
as mãos desesperadas, firmes e inseguras
as mentes confiantes e em constante êxtase...


Mas acima de tudo
que seja vivo, intenso, avassalador... simples


Que seja VERDADE