quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Semente

Pessoas são como sementes
Estão sempre prontas para germinar e florescer
E como tudo, precisam de tempo
Terra fértil, alimento e vontade

Pessoas são como pensamento
Fortes quando são verdadeiros
Rebeldes se cerceados
Frutíferas se bem cuidadas

É preciso ser fruto para ser árvore
É preciso ser terra para ser ventre
É preciso ter força para ser gente

Mas, sobretudo é preciso se permitir para nunca deixar de ser semente

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Partiu

Do alto da torre observa impassível aos movimentos dos corpos
Pesquisa em lembranças traços daquilo que fora
Sem arrependimentos ou ilusões sobre o que poderia ter sido
Rasgou versos nunca escritos, despiu-se de tudo o que incomodava
Vestiu-se de desejos, enfeitou-se de poesia, coragem, vontade e o que mais quiz
E com a alma sorridente e repleta de flores

Deu um passo à frente e partiu

sexta-feira, 15 de março de 2013

Vermelho


Em breves goles de ternura
Bebi teu sangue em uma taça de vinho
Em folhas de um caderno em branco 
Escrevi com vinho gotas de entendimento

E na tela feita de rolhas

Desenhei toda a beleza
Que uma garrafa poderia suportar
No entorpecer de um poema vermelho


segunda-feira, 4 de março de 2013

Palpitos


Coração que em mim palpita mil e uma possibilidades
Me leva a caminhos nunca dantes percebidos 
Por caminhos sempre trilhados e pouco desbravados
Me causa dúvidas, esperanças, angústias e contentamentos

Possibilidades que palpitam em mim milhões de corações
Nem sempre meus, mas poderiam
Desbravar, conhecer, desconstruir para recomeçar
Eis a palavra de ordem para a desordem de minhas vidas

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Curativo


Por favor, um curativo
Será necessário algo bem específico
De preferência do tamanho da alma
Pois crescer machuca

Dói, corrói e volta a doer
Sara, sangra, e volta a corroer
Esse é um caminho sem volta
Caminho que vai, cola, descola e faz crescer
A única cura é ser ativo

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Descaminhos


A vida é como um mapa
Repleto de caminhos
Estradas sem fim
Estradas para além de mim

O que me molda não são os meios
Ou os fins não justificáveis
O que me molda e torna a mudar
São os descaminhos

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Abafamento


Anoiteceu
A água esfriou
A ponte caiu
O mar se aquietou

O silencio se fez
O nó se desfez
A única coisa que não se desfaz 
É esse abafamento

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O preço


O que amarga a boca
Nunca adoçará o coração
Tiros no escuro
Não alcança alvos

Folhas em branco não contam histórias
Nem movem moinhos
Levanta-te e age
Tudo na vida tem um preço

Até a inércia

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Palíndromo não palíndromo


Acorda já é dia
E a vida recomeça, os desafios testam
As duvidas pairam
E as cabeças rodopiam em busca de soluções

De busca em busca encontra novos desafios
Depressa já é noite 
E a vida se manifesta
Os desafios calam, as certezas testam

A vida vem depressa, as dúvidas calam
Os desafios pairam, a certeza se manifesta
Soluções rodopiam em busca de cabeças
A vida testa, sem virgula, sem aspas... E ponto

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Desconexo

Sem tempo
Sem dó nem piedade
Sem medo
Sem identidade

Corre pra chegar depressa
Silencia para não ouvir os próprios pensamentos
Sangra para não doer
Cala para não sofrer o já sofrido

Como somos desconexos
Metendo os pés pelas mãos
Em busca de repostas tão óbvias
Tempo meu querido despertai nossas almas!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Divã II


Infrutífera é a mente que se ocupa de pequenezas
O coração envenenado com rancores e invejas
A alma que vive a vida dos outros
O não fazer para não ser o único a fazer

A mente que não cria se esquece de sonhar
A mão fechada nunca saberá a diferença 
A sutil diferença entre o quente e o vivo
A boca amarga jamais terá o prazer do doce ou do amável

Rancores, dores, temores
Rimas inconsistentes
Artifícios usados por muitos 
Para esconder suas certezas infrutíferas

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Dês


Descortina-se diante dos olhos
Mais uma verdade conveniente
Desmentido por seus atos 
Desvendou-se o inconveniente

Despertou na alma
Mais uma razão inconsequente
Desespero trilhou caminho
Mais uma estrada em estado latente

Destemida segue
Mais desperta, incansavelmente
Destinada a se desvendar
Mais uma descoberta... Expandiu-se  a mente 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Asas


Asas é a forma sutil e carinhosa de nomear a imaginação
Os olhos abertos não bastam
As pernas em movimento para nada servem
Se a alma não alimentar as suas asas

Sons, imagens, linhas de pensamento... 
Elementos indispensáveis para asas saudáveis
Alimente-se, frutifique-se
Liberte suas asas

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Experimentações


Enquanto não sou o que pretendo
Vou experimentando o simples fato de ser
Novas vontades, sensações
Tolerâncias, inconstâncias

Vou exercitando a capacidade de querer
Novos ares, atitudes, virtudes
O conhecimento é a necessidade de fazer
E absorver vivências

Enquanto não sou o que busco ser
Vou delirando em pensamentos
Divagando em outras ações e consentimentos
Criando novas regras e desbravando caminhos em mim mesma

Vou experimentando o simples fato de merecer
Ser aquilo que se quer 
Ou assumindo os riscos e o fato
De ser meramente aquilo que se é

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Fechado


Com o corpo fechado
Sigo à minha maneira
Pensamento longe...
Pés cravados no chão 
Chave na gaveta do cofre!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Decisão


Se vai, já vai tarde
É bom correr pra chegar cedo
Não é inteligente perder a hora

Se fica, fica e pronto
É aqui, sem repenses
Não há tempo para se's

Na dúvida, não saia da cama
Não abra os olhos, não pense
Não fale, não respire

O que muda tudo ou não muda nada é a decisão

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Assim que se faz


A vida caminha para frente
Os passos ficam para trás
Com ou sem planos a vida segue
Assim é que se faz

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Essa tal nostalgia


Era noite e sentada na varanda peguei-me refletindo sobre coisas das mais diversas origens e aplicações, das mais variadas formas e porquês. 

Pensei em saudade... Aquela falta que faz as coisas vividas, as palavras ditas, as consequências adquiridas, o conhecimento...

Senti arrepios... Pelas coisas que devia fazer e não fiz, que poderia dizer e não disse, pelas escolhas de cada momento.

Lembrei do arrependimento... Que pra mim só existe no dicionário. Não acredito em arrependimento, mas em escolhas desacertadas... Que acabam por se tornar pequenos acertos, já que nos ensinam muito mais sobre nós mesmos do que supúnhamos ser possível.

Fiz planos e escrevi poemas de dor, sonetos de amor, trovas de humor, escrevi por escrever... 
Ouvi sons e canções que falam de um tempo desconhecido, pensei alto, ri de mim e dos outros.

Novamente senti saudade... Saudade de um tempo que não foi meu, de posturas que não são minhas, de lutas que não enfrentei, de dores que não senti, de ídolos que não vivi. Chorei mortos que não eram meus, ressuscitei causas perdidas, militâncias esquecidas, bandeiras envelhecidas.

Adormeci. E naquela noite vivi mais vidas do que poderia um dia sonhar, alimentei minha alma com pureza e contentamento sem fim. 

Já era dia quando dei por mim ali na varanda com o gosto de vida ainda bem fresco na boca. Tirei a poeira dos sapatos e pus-me a caminhar movida por uma estranha sensação de dúvida e conhecimento, coragem e desprendimento... 

Movida quem sabe, por essa tal nostalgia.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A janela


Da janela vejo as cores de uma chuva que não vem
Ouço vozes, sinto cheiros de origens diversas
Rimo cores e sombras de devaneios sem medida
A janela me leva a lugares que jamais vivi

Da janela conheço mentes que nem nasceram
Recito livros que não escrevi
Decoro musicas que não ouvi
Na janela suicido coisas

Com a janela vou onde quiser
Flutuo em concreto e me afogo em ar
E pela janela do pensamento sigo sem pressa 
Sem destino e sem rumo certo pra chegar

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Rima

Li num livro que quem espera um dia cansa
Vovó dizia que quem espera nunca alcança
Sempre soube que se quiser provoco mudanças
Mas nada disso funciona se no fundo da alma não tiver esperança

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Encontro


Arrepiei quando te vi chegar de longe
O coração batia descompassado
As mãos trêmulas procuravam onde se esconder
Para disfarçar a felicidade que sua chegada proporcionava

Na cabeça, mil coisas se passavam
E você vinha em minha direção
O ar mudou de temperatura
O céu mudou de cor

Nos encontramos, pensei que duraria apenas um minuto
Como da última vez
Você me abraçou e eu me entreguei em seus braços
Percorrendo cada centímetro do meu corpo, lavou minha alma

Dançamos como duas crianças
Ri como há muito não fazia
E todo aquele calor aos poucos 
Deu lugar a calma e contentamento sem medida
Chuva, sua linda, que bom que veio!